segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

AS FUTEBOLADAS DE OUTRORA

Há dias, ao visitar a página de Freguesia de Degolados no Facebook, vi a imagem da placa central que foi aposta no Largo da “Caganita” e então surgiu-me a lembrança dos muitos jogos de futebol que ali disputei em criança e daí a razão da inspiração do presente artigo.

AS FUTEBOLADAS DE OUTRORA

Nas décadas de 50 e 60, quando eu ainda frequentava a escola primária em Degolados, a forma de brincar da pequenada era muito diferente dos tempos modernos. Brincávamos essencialmente com aros de rodas de bicicleta, latas de conserva, aos cowboys , aos berlindes e com bolas de futebol. Estas eram poucas e raros se davam ao luxo de as possuir .
As futeboladas eram vividas com grande intensidade e qualquer sítio servia para fazer um jogo, mas os melhores locais eram o antigo campo de futebol, que se situava onde hoje é a vacaria do Sr. Velez e o Largo da Caganita.
O futebol era uma das principais formas de ocupar o nosso tempo livre, mas as bolas eram poucas e de má qualidade. Poucos se gabavam de possuir uma bola em condições e os donos das bolas só deixavam jogar quem eles queriam. As equipas eram, geralmente, escolhidas por dois rapazes que, por ordem decrescente do valor dos jogadores os iam escolhendo.
O jogo lá se iniciava então, muitas vezes com balizas de pedra o que gerava uma grande confusão, pois tornava-se difícil avaliar quando era golo, ou porque a bola não entrava ou porque ia muito alta, etc. Geravam-se então acesas discussões e, quando o resultado era desfavorável aos donos das bolas, e estes viam que o não  conseguiam mudar, os mesmos punham-nas debaixo do braço e acabavam o jogo, afastando-se do local onde o mesmo se desenrolava, levando consigo alguns companheiros de equipa, gerando-se então um ambiente hostil. Quanto aos outros, os vencedores, ou ficavam no mesmo local a jogar com outra bola, mesmo que mais rudimentar ou partiam para outra brincadeira.
Nos tempos de hoje existe uma panóplia infindável de entretenimento, como por exemplo a informática e a maior parte das crianças dispõe de óptimas condições para sentir felicidade.
Que bom que é as crianças terem alternativas…

domingo, 8 de agosto de 2010

Equipa de Atletismo UFD - Época 2009 - 2010


A seguir transcrevo uma mensagem que apus na página da Secção de Atletismo UFD, no Facebook:

Não costumo utilizar o facebook mas vou fazê-lo hoje e sobre tema de grande importância para mim, pois refere-se à minha equipa de atletismo da época de 2009-2010, do União Futebol de Degolados, e quero dedicar as minhas palavras, em especial, aos que estão comigo na foto principal da página da Secção de Atletismo U.F.D.
Quero dizer-vos que estou orgulhoso de vós, pois fizemos uma época extraordinária, tendo em conta que muitos de vós nunca tinha praticado atletismo, sendo isso bem patente na classificação final, já apurada, com atletas nossos a figurarem em lugares que lhe permitem receber troféus quando for efectuada a cerimónia de entrega dos mesmos.
Foi muito gratificante ver as crianças e adolescentes da nossa equipa provocar dores de cabeça e preocupações a atletas já experientes, apesar de alguns estarem também envolvidos em campeonatos de futebol, dança Hip hop e outras actividades.
Experimentaram esta maravilhosa actividade que é o atletismo e demonstraram ter qualidades de campeões, e chegaram a ser pois ganharam o campeonato distrital de Corta-Mato Curto, nos Escalões de Iniciados e Juvenis e no Campeonato do Alentejo também conseguiram o pódio com um 3º. lugar em Iniciados e um 2º lugar em Juvenis.
Neste momento ainda não sei o que vou fazer na próxima época e, provavelmente, a pedido de pessoa da minha família, vou desistir do atletismo (pelo menos como responsável de equipa) mas vou sentir a vossa falta e jamais vos esquecerei, e continuarei a ser vosso amigo.
Estar uma época com vocês foi para mim uma experiência maravilhosa que nunca tinha imaginado viver.
Por vezes não foi fácil gerir a vossa rebeldia, mas, ultimamente, já nos estávamos a entender e estou satisfeito por constatar que convivem de forma salutar com os atletas de outros clubes, como muitas vezes vos aconselhei, pois essa é uma das boas virtudes existentes na família do atletismo.
Quero referir que o Bruno foi o grande obreiro da equipa e sem ele não teríamos alcançado o êxito que obtivemos.
Parabéns a todos e obrigado pela vossa contribuição em defesa da União Futebol de Degolados.
Àqueles que vão para outras equipas e que já são tratados pelo nome, desejo votos de sucesso.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

COMO ME INICEI COMO BLOGUISTA

Em 2009 iniciei-me como bloguista para escrever sobre a equipa de atletismo da União Futebol de Degolados (UFD) quando alguém divulgou que a mesma havia acabado, sendo mesmo a notícia publicada no site da AADP (Associação de Atletismo do Distrito de Portalegre) e posteriormente desmentida por representante daquela instituição, através da Rádio Campo Maior.
Tal boato, criado por autor que desconheço e que, actualmente, pouco interessa conhecer, num momento de campanha eleitoral autárquica, criou os seus efeitos na agitação social, gerando contentamento extasiante em alguns e indignação noutros, daí resultando logo hostilidades e aproveitamentos políticos, com acesas discussões entre os incautos, vítimas dos arautos que bem apregoam a desgraça quando os opositores são os obreiros de algum projecto ou candidatos a tal, táctica que era utilizada por profissionais da agitação de massas populares, no período da revolução de 25 de Abril de 1974, quando se dizia que ” Os Comunistas iriam destruir isto tudo” e que “até comiam criancinhas”.
Gostaria de escrever sobre Política mas, por enquanto, chega a síntese do parágrafo anterior, para denotar que o boato sobre o fim da equipa de atletismo da UFD teve origem em acção política e sobre este tema apaixonante, complexo e regulador das nossas vidas, falarei mais tarde, porquanto, o meu Estatuto Profissional impõe-me limitações, enquanto estiver no activo.
O referido boato foi a génese que motivou a minha iniciação em blog e, se no início pensava dedicar-me apenas à divulgação das actividades do atletismo do meu clube, logo mudei de ideias, até já porque o meu filho Bruno Cirilo, também ele bloguista, tem uma página dedicada a tais actividades bem como no Facebook. Assim, estando garantida a divulgação das actividades da equipa ( O que não é feito pela direcção do UFD), passei a dedicar-me a artigos cuja temática é diversificada e confesso que estou viciado na utilização deste modo de comunicar.
Os temas que escrevo ficam documentados e disponíveis para consulta pública. O conteúdo dos temas está salvaguardado e dificilmente será adulterado e se o for tenho os artigos imprimidos e guardados. O que está escrito, está escrito e é da minha responsabilidade. Se houver dificuldade na leitura poderá repetir-se a mesma até que se compreendam os conjuntos de caracteres. Porém, o que é transmitido por palavras nem sempre é bem compreendido nem gravado e, quando uma comunicação verbal, ocorre só com dois indivíduos e em privado pode ser perigosa se não houver uma empatia no diálogo, podendo este ser difundido posteriormente a contento dos intervenientes e, subsequentemente, podem ocorrer situações gravosas no relacionamento entre indivíduos.
Para aqueles que lêem os meus artigos e que não me conhecem, quero deixar um alerta: Escrevo aquilo que me vai na alma e faço-o, em especial, de um modo simples e por vezes pouco estruturado, para um núcleo restrito de indivíduos residentes no concelho de Campo Maior, pessoas que me conhecem. Faço este reparo para que não me exijam riqueza linguística nos textos ou que aborde temas de interesse universal ou de qualidade científica, para os quais não estou preparado para abordar. Deixo isso para os licenciados, pois eu apenas tenho o 12º. Ano de escolaridade conseguido em 2009, no âmbito do Projecto Novas Oportunidades. No entanto, prometo que me esforçarei para fazer melhor e escrever como bloguista é um óptimo treino para esse aperfeiçoamento.
Tentarei também, a partir de hoje, evitar ser contudente nos meus artigos, visando atingir alguém, mesmo que seja alvo de "ataques" e faço isso tendo em conta a lei da Atracção pois violência atrai violência e amor atrai amor e eu opto por esta virtude.
Inexoravelmente, a cultura é essencial para o enriquecimento espiritual do ser humano e eu pretendo continuar a aprender e a crescer espiritualmente.



Degolados, 30 de Julho de 2010
Alcino Cirilo

domingo, 13 de junho de 2010

ERA UM CÉU ALTO, SEM RESPOSTA, COR DE FRIO...

Hoje, ao verificar papéis antigos que guardo, desde há muitos anos, deparei com um pequeno texto, num papel já amarelado pelo tempo, datado de Abril de 1987. Trata-se de um trabalho de Língua Portuguesa, que executei durante uma aula em Torres Novas, na Escola Prática de Polícia, no qual deveria indicar uma perífrase, uma metáfora e uma antítese (figuras de estilo). O título do texto foi indicado pelo professor e então escrevi assim:
" Era um céu alto, sem resposta, cor de frio, aquele que um dia olhei quando foi necessário decidir se ia ou não para o liceu, por ter terminado a escola primária. Eu queria e não queria ir. Queria porque desejava muito continuar a estudar, visto ser bom aluno e pretender, no futuro, alcançar uma carreira de que muito gostava, ser professor. Por outro lado, não queria continuar a estudar, para não tornar mais pesada a vida de meus pais que, coitados, mal ganhavam para comer e que, com o meu ingresso no liceu, que distava alguns quilómetros da minha aldeia, não lhes chegaria o dinheiro para matar a fome.
E, como o céu não respondeu tive de decidir. Resolvi não ingressar no liceu, porque as portas estavam fechadas , para mim e para outros como eu, devido aos malefícios da injusta sociedade facista que, da insuficiência de subsistência não nos livrava..."

Após a elaboração dos textos todos os alunos tiveram de ler o seu mas ao ler o meu a voz embargou-se-me, porque o escrevi com sentimento e porque o seu conteúdo era verídico. Certamente que os jovens de hoje, na sua maioria, devem ficar indiferentes ao meu artigo, mas as pessoas da minha geração (nasci em 1958), sabem ao que me refiro.
Para sensibilização e memória resolvi expô-lo a público.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Continuarei a correr...

Quase há cerca de um ano ponderei a hipótese de abandonar a prática do atletismo, na vertente competitiva, tendo em conta a idade (tenho 52 anos) e disso dei conta aos meus companheiros de então que faziam parte do União Futebol Degolados.
Estávamos em Agosto de 2009, a poucos dias de ocorrer a meia maratona de Badajoz-Elvas e, quando, durante um treino, um dos atletas que me acompanhava me perguntou se queria participar naquela prova e se me iria inscrever na próxima época, respondi que não e que ia abandonar o atletismo.
Devido ao facto dos meus acompanhantes do momento me terem animado para continuar a competir, acabei por dizer que iria efectuar os exames médicos e que continuaria a competir embora sem comparecer a todas as provas.
Em Outubro de 2009, ocorreram algumas situações que motivaram que os companheiros acima aludidos tivessem saído do atletismo do União Futebol Degolados, no qual me mantive acabando por ter de gerir uma equipa demasiado grande e complexa, da qual falarei noutro artigo, pois hoje quero falar de mim e da minha performance atlética e das intenções de prosseguir a correr e a competir.
O início da presente época foi conturbada com diversas mudanças ocorridas na minha vida, não só pela ocupação da gestão da equipa, repleta de jovens (crianças/adolescentes) mas também por ter sido promovido na minha carreira profissional e ter sido transferido de Elvas para Portalegre, passando a exercer funções de chefia no ramo de Recursos Humanos e outros serviços administrativos, novas funções a que tive de me adaptar e que são de grande complexidade.
Tais situações acabaram por prejudicar os meus treinos de atletismo e só agora, em final de época, estou a ter tempo para mim, para a minha preparação individual. Apesar de treinar quase sempre só, sinto que estou com um rendimento nunca antes registado e a isso se deve o facto de respeitar o meu ritmo de corrida, sem loucuras de tentar acompanhar outros de melhor performance, embora, por vezes, faça treinos que parecem provas.
Respeitando o meu ritmo de corrida tenho evitado lesões, muito frequentes noutros tempos, sendo que os meus ex-companheiros de treino, chamavam-me “Riad Lesões”.
Esta época apenas sofri uma lesão e ocorreu num dia em que fui treinar com o meu amigo Paulo, atleta do Club Elvense de Natação, um senior de qualidade, numa extensão de 9,300 Km, em 40 minutos, sem efectuar o devido aquecimento muscular, lesão que agravei pouco dias depois , quando pensava que já estava recuperado.
Antes de me lesionar estava numa forma física que me fazia crer que, poucos dias depois na prova da corrida de 10 Km da cidade de Vendas Novas, iria fazer um tempo de cerca de 42 minutos ( muito bom para mim) e se tal conseguisse talvez saísse mesmo do atletismo, satisfeito por ter feito uma boa marca, mas como não consegui vou continuar e, se Deus quiser, em Maio de 2011 lá estarei nessa linda prova para tentar conseguir um bom tempo, já que, na prova deste ano, acabei por gastar 45 minutos e 15 segundos, fazendo os últimos 5 km a coxear, gastando mais 30 segundos que em 2009.
Com a força que se ganha com as adversidades, com a energia que emana do universo, com o poder que Deus nos permite utilizar, continuarei a correr.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

PRECONCEITOS E ESTEREÓTIPOS

Preconceitos são aprendizagens emocionais negativas que adquirimos e que são difíceis de erradicar, mesmo quando temos a consciência de que são errados. Ainda nos meus tempos de criança ouvia os adultos criticar, negativamente, e de modo generalizado, os ciganos, os negros, os comunistas e até os estrangeiros, do que resultou ter ficado com idéias preconceituosas formadas no meu subconsciente, comportamento que tem sido alterado e que tenho erradicado paulatinamente, graças a uma cultura adequada e adquirida, essencialmente, na minha formação profissional, em disciplinas como Sociologia, Psicologia ou Direito Constitucional, embora reconheça que, no seio de determinadas etnias ou grupos, existem muitas pessoas com comportamentos desviantes e que tantos problemas provocam na vida em sociedade.
Os Estereótipos também são idéias preconcebidas mas podem ser positivos ou negativos, sendo neste caso originados pelos preconceitos. Por exemplo, se dissermos “ Os Portugueses são um povo de brandos costumes” estamos perante estereótipos positivos. Se dissermos “Os estrangeiros são perigosos”, estamos perante estereótipos negativos.
Para evitar erros na avaliação dos nossos semelhantes devemos fazer bom uso da Psicologia do Senso Comum e, se possível, devemos aplicar os conhecimentos da Psicologia Científica. Pessoalmente e, no âmbito das minhas funções de elemento policial, por vezes sinto dificuldades de relacionamento com pessoas ou grupo conotados com incivilidades e contra as quais se criam os preconceitos mas, geralmente, consigo ultrapassar as dificuldades e apesar destas, consigo ter o discernimento de não generalizar, porque acho que cada pessoa é um caso único e que as pessoas são transformadas devido a diversos factores.


Numa festa de aniversário de um dos meus filhos (ao centro), antes do ano 2000, um dos convidados é de etnia negra, pois é um ser humano como os restantes presentes.



No meu relacionamento interpessoal sou, predominantemente, uma pessoa que, no perfil psicológico, se pode identificar ou caracterizar com o estilo auto-afirmativo, pois, geralmente, sou capaz de defender os meus direitos e de exprimir os meus sentimentos, de forma directa e honesta, sem prejudicar os direitos dos outros, estando quase sempre receptivo à troca de idéias, tendo também grande capacidade de alteridade, sabendo-me colocar, mentalmente, na situação dos meus semelhantes, tipo de comportamento que muito me tem sido útil na resolução de conflitos.

Este tema é um extracto de um trabalho da minha passagem pelo Projecto Novas Oportunidades - Nível Secundário, em 2008. Serve para ilustrar mais um pouco a minha personalidade.
Alcino Cirilo.

sábado, 20 de março de 2010

OS NOSSOS JOVENS NO PARLAMENTO EUROPEU


Nos dias 11 a 14 de Março de 2010, um grupo de 25 estudantes da Escola Secundária de Campo Maior, em representação de Portugal, marcou presença no Parlamento Europeu, em Strasbourg - França, no âmbito do projecto Euroescola, para onde também convergiram delegações de outros países da União Europeia, tendo ali sido debatidos vários temas políticos tais como Direitos Humanos, Democracia, e Meio Ambiente.
Os nossos jovens sentiram uma felicidade indescritível e viveram uma experiência muito gratificante que ficará gravada nas suas memórias. Por umas horas, foi-lhes dada a oportunidade de serem políticos e fizeram-no com seriedade e quem sabe, se esses momentos não foram o ponto de partida para alguns, no sentido de, mais tarde, se tornarem deputados de verdade?
Além dos debates de âmbito político, os jovens tiveram oportunidade de conviver de modo muito salutar, a ponto de se ter alargado o leque das suas amizades, sendo que, alguns continuam agora a estabelecer contactos com amigos de outros países, aproveitando as tecnologias de comunicação, tão úteis no mundo cada vez mais global.

domingo, 7 de março de 2010

BRUNO, VERDADEIRO AMIGO







Há dias escrevi sobre o meu filho Fábio sob o título “poderia estar nos pódios” mas tenho outro filho de nome Bruno Cirilo, nascido em Lisboa, em 1986, sendo que, tanto um como outro, são para mim uma razão de orgulho e os seres humanos que mais gosto neste Planeta Terra.
Tanto o Fábio como o Bruno, também demonstram ter orgulho em mim e na minha esposa e mãe deles, a Helena e, no passado dia 20 de Fevereiro do corrente ano, quando eu e a Helena comemorámos o 25º. Aniversário como casados, fomos à igreja de Degolados, juntamente com familiares e aí fizemos uma cerimónia religiosa. Nesse evento, além da bênção das alianças, o padre Fernando, que presidiu, perguntou à minha esposa e a mim o que tínhamos a dizer acerca da nossa vida matrimonial, ao que respondemos que “se voltássemos 25 atrás, tornaríamos a casar, devido ao amor que nos une e pelos filhos maravilhosos que gerámos, entre outras coisas”. Na mesma ocasião o padre Fernando também perguntou aos meus filhos o que tinham a dizer e tanto um como outro, de modo muito emocionado e convincente disseram “estar orgulhosos dos seus pais, devido ao carinho, ao amor e à educação que receberam, que os tornaram nos homens que são hoje”.
Mas referindo-me ao Bruno a quem este texto é dedicado, apraz-me expressar que é um excelente ser humano, com um coração do tamanho do mundo, com sentimentos puros, sempre trabalhando em prol da amizade. Adora ter amigos, tem muitos e sofre quando existem rupturas em núcleos de amizade. A pureza na sua amizade é enorme, a ponto de, por vezes, nem notar que não é correspondido com amizade séria, por todos aqueles que o rodeiam.

Além da sua qualidade de amigo puro, o Bruno tem muitas qualidades que, por vezes não demonstra, nomeadamente intelectuais, sendo que na escola foi sempre dos melhores até completar o 12 .º ano, não tendo prosseguido por razões que aqui não expresso, por serem irrelevantes para o presente artigo. No serviço militar chegou a ser louvado pela sua prestação profissional e relacional e enriqueceu os seus conhecimentos na frequência de várias formações profissionais, nomeadamente no ramo da Informática.
Actualmente, o Bruno é o grande impulsionador da dinâmica existente na equipa de Atletismo da União Futebol de Degolados, tendo conseguido unir um grupo de adolescentes em torno da modalidade, fomentando amizade, unidade e responsabilidade , que considero serem vitórias, para além daquelas que já conseguiu com esses adolescentes que começaram este ano a correr, com dois títulos de campeão distrital nas categorias de iniciados e juvenis no corta-mato de Degolados em 6 de Fevereiro de 2010 e quase campeão do Alentejo no dia 20 do mesmo mês, no Alvito.

Estão enganados aqueles que pensam que o Bruno não tem competências. Se for preciso e ele quiser demonstra-as . Ainda no dia 06 de Fevereiro deste ano, quando estava quase a iniciar-se o Corta Mato de Degolados, estranhamente e coisa inédita nas provas, ninguém da Associação de Atletismo de Portalegre, destacado para ajuizar, se dignou fazer de speaker apesar de ali estarem pessoas credenciadas para o efeito, mas o Bruno, que ali estava em fato de treino da União Futebol de Degolados, pronto para orientar a sua equipa, teve de prescindir disso e, faltando escassos minutos para o início da competição, agarrou o mogofone e fez de speaker e fê-lo bem.
O Bruno tem valor e se acreditar nele conseguirá muitas vitórias.




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sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

A MINHA HISTÓRIA DE VIDA

Nasci em 16 de Fevereiro de 1958, na freguesia de Nossa Senhora da Graça dos Degolados, na casa dos meus progenitores, Adriano de Jesus Cirilo e Ermandina de Jesus Martins Durão.

Os meus pais eram pobres. Trabalhavam arduamente em serviços campestres a troco de salários incertos, manifestamente insuficientes para uma subsistência condigna.

Com apenas sete dias de idade fui morar para uma casa no campo, situada a cerca de sete quilómetros de Degolados, junto da fronteira com Espanha, casa essa propriedade dos meus avós maternos, que também viviam na pobreza, tendo no entanto mais possibilidades que os meus pais, pois criavam alguns animais domésticos para consumo interno e para utilização em trocas de produtos comestíveis que iam comprar a Campo Maior. Aí , nessa casa e nos campos em sua volta, aprendi a dar os primeiros passos.

Devido à precária vida que os meus familiares tinham, passei uma infância e uma adolescência cheias de dificuldades. A título de exemplo refiro que até cerca dos 6 ou 7 anos de idade, raramente tinha calçado. Daquelas imagens que nos ficam na retina acerca do nosso passado, recordo-me de um dia em que andava descalço, no campo, pisando as ervas cobertas de geada, chorando sem que os meus pais me pudessem levar ao colo, pois recordo-me de os ver correr atrás de uma vara de porcos que teimava em ir invadir uma seara. Eu deveria ter dois ou três anos de idade, pois a minha mãe levava ao colo a minha irmã que é mais nova que eu cerca de um ano.

Até aos sete anos de idade pouco sabia o que era a vida em sociedade, e isso porque não tinha ainda o discernimento para essa avaliação e porque vivia apenas no campo mas eis que venho para Degolados e ingresso na escola. Comecei a relacionar-me com os colegas, mas era muito reservado. Nem todo o género de brincadeiras me agradava e por vezes, isolava-me e pensava no meu mundo campestre. Daí que, assim que chegavam as férias escolares, logo partia para a casa dos meus avós, para a casa de campo.

Adorava visitar os meus avós e o meu mundo campestre. Tinha saudades dos carinhos dos meus avós , do relacionamento com os meus amigos animais, com quem conseguia “falar”. Sinto grande nostalgia em recordar aqueles tempos. Daquele meu mundo eu olhava a linha do horizonte e interrogava-me acerca do que haveria para lá da mesma e como seria a minha relação com os outros quando passasse para além daquela linha.

A minha vida escolar decorreu na Escola Primária de Degolados, desde o primeiro ao sexto ano. Tive o privilégio de ter um excelente professor, de nome Delfim da Conceição Monteiro. Eu era um aluno bastante aplicado e daí resultou que tivesse obtido um prémio por ter sido o melhor aluno do primeiro ao quarto ano de escolaridade.

Ao completar o 6 º. Ano de escolaridade, havia que decidir se iria ou não estudar para o ciclo de Campo Maior ou se iria trabalhar. Os tempos eram difíceis. Os meus pais continuavam a viver na pobreza e então venceu a segunda opção, tendo começado a trabalhar com apenas doze anos de idade em serviços de hotelaria e depois na agricultura.

Quando completei vinte anos de idade, fui cumprir o serviço militar. Alistei-me nos Comandos, uma tropa de elite do Exército Português, tendo aí permanecido entre Março de 1979 e Junho de 1980.

Em 1981, consegui ingressar no Curso de Formação de Guardas da PSP, em Torres Novas, o qual terminei em Junho do mesmo ano, tendo passado à efectividade do serviço policial com colocação na área de Lisboa.

Conheci a minha esposa em Pontinha – Loures, tendo casado em Fevereiro de 1985, casamento que ainda dura e de cuja relação ocorreu o nascimento de dois filhos.

Em 1986 concorri ao posto de subchefe da PSP, tendo conseguido o objectivo a que me propus.

Em 2000 concorri ao posto de subchefe Ajudante da PSP, tendo novamente obtido sucesso.

Actualmente tenho o posto de Chefe da PSP e exerço as minhas funções na cidade de Elvas.

Ao longo da minha carreira policial e no âmbito da minha actividade profissional, tenho granjeado a estima da esmagadora maioria daqueles com quem convivo, factor que muito me satisfaz e orgulha, tendo já recebido alguns louvores.

Em consequência das formações dos cursos profissionais e da formação contínua imprescindível para um bom desempenho da minhas funções, tenho enriquecido os meus saberes a diversos níveis.

Reconheço que, na minha carreira policial, poderia ter alcançado maior progressão hierárquica, se para tal me tivesse esforçado, adquirindo habilitações literárias que me tivessem permitido aceder aos respectivos concursos.

Sou um indivíduo com um comportamento inconstante, ora mostrando extravasão de harmonia, ora demonstrando um carácter depressivo inexplicável, talvez reflexo de uma crise existencial.

Amo a liberdade e a independência e, embora goste de trabalhar em actos humanitários, por vezes não gosto de me comprometer alienando a minha liberdade.

Detesto os actos rotineiros e desejo o inédito, a aventura, a inovação, mas, por vezes, refugio-me na rotina com receio das coisas que não conheço.

Sou um sonhador, sempre perspectivando uma vida melhor, sendo raras as vezes que concretizo os meus sonhos, talvez porque não use bem a convicção, a fé.

A minha mente é muitas vezes assolada por um turbilhão de pensamentos em simultâneo, situação que origina perturbação na minha concentração e que me prejudica em variadíssimas situações.

Em períodos de acalmia, quando me encontro por exemplo isolado, num local aprazível ou quando acordo durante a noite, consigo rasgos de inspiração maravilhosos. Por vezes, dou comigo a proferir discursos bem elaborados, em pensamento, ou a planificar acções de âmbito diverso. Porém, passados esses períodos, a inspiração esvai-se e as minhas limitações intelectuais regressam.

Gosto de me relacionar de modo harmonioso com as outras pessoas, mas nem sempre consigo criar a devida empatia. Aborrecem-me as conversas de assuntos sem importância e, pese embora algumas coisas de menos importância também não devam ser desprezadas, eu dou preferência a assuntos de interesse universal.

Por vezes sou distraído e o culpado pela falta de empatia com os outros. A título de exemplo refiro o seguinte: quando estou mantendo uma conversa de tema insignificante, ao mesmo tempo estou pensando noutros assuntos que considero mais relevantes.

Preocupo-me bastante com as injustiças sociais. Repugna-me a hipocrisia, a mentira, a falsidade, a desonestidade, a arrogância, a prepotência…

Gosto de exercer a profissão de agente de autoridade mas sinto-me desmotivado pelas muitas limitações que me impedem de servir melhor aqueles que precisam de protecção.

Apesar de gostar de ser polícia, devo referir que gostaria mais de ser professor.

Fora do serviço, colaboro em actividades sociais, fazendo parte de direcções de algumas instituições. Adoro conviver com a esposa , filhos, familiares e amigos, ver televisão, ler, consultar sites da Internet e praticar a modalidade desportiva de Atletismo, actividade em que sou viciado e que muito me ajuda a combater o Stress resultante de diversas situações.

Gostaria de ser rico, viajar pelo planeta terra , escrever livros, poder defender os injustiçados , saber desvendar os mistérios da Vida e fazer algo relevante para o bem da Humanidade.

Degolados, 12 de Agosto de 2007
Alcino José Durão Cirilo
Formando B3/Novas Oportunidades

Nota: Este artigo data de 2007, quando o elaborei na qualidade de formando do Projecto Novas Oportunidades (básico). Já se encontra desactualizado em virtude da vida ser dinâmica, sujeita a mudanças constantes mas, no essencial, continua actual, pelo que resolvi publicá-lo, pois sintetiza bem a minha história de vida que também reescrevi em 2008, de modo muito mais abrangente,também no âmbito do referido projecto mas a nível do Ensino Secundário, num trabalho que bem poderia tornar em livro.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

PODERIA ESTAR NOS PÓDIOS…



Este título assenta perfeitamente na pessoa de Fábio Cirilo, meu filho, de 17 anos de idade, estudante do 12º. Ano, com uma personalidade admirável, com um carácter muito raro de encontrar em jovens da sua idade, com uma visão do relacionamento humano e com uma postura que muitos adultos ambicionariam ter nas suas vivências, evidenciando quase sempre uma atitude assertiva.
Como pai, sou suspeito de ser tendencioso neste meu artigo, mas acontece que, outras pessoas de reconhecida idoneidade, nomeadamente os seus professores, têm enaltecido o seu comportamento, pelo que me apraz elogiá-lo publicamente.
Aqueles que o conhecem bem sabem que, mesmo de tenra idade, nunca foi muito apologista das vulgares brincadeiras do “apanha-apanha” ou do “esconde-esconde” ou dos berlindes. Dava mais atenção a determinados programas televisivos ou a pintura, fazendo excelentes desenhos e, ao entrar para a escola primária logo se tornava “um profissional” a partir do momento em que entrava na sala de aulas, dando , desde logo, claras indicações de ser bom aluno, predicado que ainda hoje mantém.
Quando frequentava o 4º. Ano, na escola primária de Degolados, em determinado dia disse-me assim: “Pai, tens de falar com a minha professora, pois estou quase a ir para o ciclo de Campo Maior e ainda tenho dificuldades em fazer contas de dividir com dois dígitos no divisor.” Tinha , nesse momento, 9 ou 10 anos de idade mas era já um claro sinal de que se iria tornar um adulto de grandes qualidades e já é, pois transformou a sua adolescência na maturidade que lhe é característica em múltiplas abrangências da vida social.
Não quero, neste artigo, extravasar acerca das qualidades do Fábio, mas não quero deixar de revelar uma situação ocorrida em Novembro de 2009, quando um grupo de outros jovens da equipa de atletismo da União Futebol de Degolados, oriundos de Campo Maior e que haviam ingressado na equipa, há poucos dias, se lembraram de treinar em plena estrada nacional entre aquela vila e a freguesia de Degolados, numa distância de mais de sete quilómetros, de noite, sem luar, numa situação de extrema perigosidade para suas integridades físicas, devido à circulação rodoviária.
Os referidos jovens atletas foram vistos por vários residentes de Degolados que, de pronto, e sabendo ser eu um dos responsáveis da aludida equipa, me alertaram para aquela imprópria situação, pelo que saí de casa para ir ao encontro dos atletas. Porém, ao chegar ao jardim da localidade, foi-me dito que já haviam chegado e que estavam no interior do Edifício Polivalente para onde me dirigi . Foi então que deparei com o Fábio a proferir uma prelecção aos supracitados jovens, falando-lhes de responsabilidade, dos perigos subjacentes ao acto que haviam praticado, dos objectivos de um jovem atleta e de outras coisas . Enquanto o Fábio falava, os destinatários das suas palavras, imóveis , escutavam-no atentamente em formação semi-circular, sem o interromperem e, no final, um deles, falando em nome do grupo, pediu desculpa com a promessa de que não tornariam a repetir aquele tresloucado acto.
Perante aquilo que vi e ouvi, fiquei sem palavras e poucas mais poderia acrescentar. Confesso que, apesar de , no âmbito da minha actividade profissional já ter ministrado formação a grupos, não teria feito melhor que o Fábio, que provou ser detentor de maturidade, sentido de responsabilidade e de espírito de liderança.
Gestos desta natureza devem ser realçados e apetece-me dizer que, afinal, a nova geração também tem virtudes.
Quando comecei este artigo tinha apenas a intenção de dissertar acerca das qualidades do Fábio como atleta mas depois acabei por divagar sobre outros valores que me ocorreram e, porque o texto já vai longo, apenas vou frisar que, de facto, se ele quisesse, e outras actividades de maior valor não lhe estivessem inerentes , estaria, certamente, nos pódios das provas de atletismo. Tem demonstrado isso quando pode competir e, ainda hoje, na prova de corta-mato escolar, disputada em Alter do Chão , estando sem treinar há bastante tempo e , tendo ontem competido e brilhado numa prova de natação, conseguiu ficar no grupo dos primeiros.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Curiosidades da Língua Portuguesa

No âmbito da variedade dos temas que publico vou hoje dar a conhecer um extracto de trabalho de Língua Portuguesa, que elaborei em 2008 na qualidade de formando do Projecto Novas Oportunidades RVCC Secundário.



A língua padrão ou normal

Fazendo um estudo diacrónico da língua, concluímos as variedades de realização do sistema, através dos tempos ( estados de língua).
As variedades do discurso são igualmente numerosas se procedermos a uma análise sincrónica. Elas dependem, sobretudo, do nível cultural do emissor, do meio social onde está inserido, da situação em que se encontra e dos receptores a quem se dirige.
Considerando os factores referidos, podemos estabelecer os diversos níveis de língua:
1. Língua cuidada – aquela em que o emissor recorre a termos menos correntes e estrutura a frase de modo a procurar a perfeição (repete muitas vezes modelos de frases clássicas). Constitui um desvio à língua normal ou média, nos planos vocabular e estrutural, pelo seu valor estético – poder sugestivo.
2. Língua média ou normal – corresponde ao nível considerado padrão. É constituído por termos e estruturas correntes, acessíveis à maioria dos membros duma comunidade linguística (É esta língua que é normalmente usada pelos meios de comunicação social)
3. Língua familiar – é usada no ambiente familiar ou de amigos, utilizando, muitas vezes, palavras e expressões pitorescas, só compreendidas pelos respectivos grupos.
4. Língua popular – ocorre sempre que uma realização peculiar do sistema, limitada a determinado grupo social. É a língua como desvio da média ou normal, nas suas formas de regionalismos - falares regionais, de gírias – falares característicos de certos grupos sócio-profissionais e de calão – formas marginais de expressão.
5. Língua técnica ou científica – a primeira (língua técnica) compreende o conjunto de termos ligados a formas de actividade específicas e destinadas a designar os objectos de maneira exacta e precisa – nível de referentes.
A língua científica, embora relacionada com as terminologias técnicas, reúne os termos necessários à pesquisa e reflexão científicas – nível de conteúdos.
6. Línguas mistas – resultam da mistura de línguas de duas comunidades diferentes, permitindo a comunicação directa entre ambas. É o caso dos crioulos.
A seguir transcrevo um texto extraído do art 10º. da Convenção Europeia dos Direitos do Homem, que ilustra a língua média ou normal:
“ 1. Toda a pessoa tem o direito à liberdade de expressão. Este direito compreende a liberdade de opinião e a liberdade de receber ou de dar informações ou ideias sem que possa haver ingerência de autoridades públicas e sem consideração de fronteiras. O presente artigo não impede que os Estados submetam as empresas de radiodifusão, de cinematografia ou de televisão a um regime de autorizão prévia.
2. O exercício destas liberdades, como implica deveres e responsabilidades, pode ser submetido a certas formalidades, condições, restrições ou sanções, previstas pela lei, que constituam providências necessárias numa sociedade democrática, para a segurança nacional, a integridade territorial ou a segurança pública, a defesa da ordem e a prevenção do delito, a protecção da saúde ou da moral, a protecção da honra ou dos direitos de outrem, para impedir a divulgação de informações confidenciais, ou para garantir a autoridade e a imparcialidade do poder judicial.”

Bibliografia: Apontamentos de Português da Escola Prática de Polícia
Da autoria de Armindo da Costa Gameiro, professor do Ensino Secundário.


As variedades locais e regionais da língua portuguesa


(regionalismos de Campo Maior)



         A língua portuguesa é falada no concelho de Campo Maior de um modo muito peculiar, mais notório a nível fónico mas também a nível vocabular. No nível fónico posso dar como exemplo as palavras largato (lagarto), óvo (ovo) , Manele (Manuel), e muitas outras , sendo a sua pecularidade reforçada por serem pronunciadas muitas vezes com alongamento da última sílaba, que se me torna difícil exemplicar de modo escrito. Esta característica fonética ocorre apenas na vila de Campo de Maior, porquanto, na freguesia de Nossa Senhora da Graça dos Degolados, que dista apenas sete quilómetros, a pronúncia já é diferente embora Manuel se pronuncie , em geral, Manel, mas sem o alongamento silábico.


        O nível vocabular também tem algumas particularidades essencialmente quando falado por pessoas idosas, sendo disso exemplo um excerto de um poema, dedicado a Degolados, da autoria de Maria Eulália Afonso (ex-auxiliar de acção educativa na Escola de Degolados), que passo a transcrever:


“...As velhas tradições
Vão-se perdendo
Mas, casas, chaminés e portas
De outros tempos
Ainda se vão vendo.
É a população mais antiga
Que lá mora,
Fazem lembrar tempos de outrora.
Em que leite dizia-se “lete”
Pão do monte, “marrocate”.
Muito dizia-se “munto”
A um senhor, “o homem”
Um pedaço de pano era” a rodilha”
Um prato grande, “barranhão”
A fotografia, “retrato”,
A palavra baixo, dizia-se “baxo”
Criança, “um gaiato”
Assim falava o povo
Desta freguesia
Mas tudo mudou
Como da noite para o dia.”

Nota: Este excerto foi extraído de livro intitulado Degolados: Reviver o Passado, da autoria dos docentes Elisabete Maria Rodrigues; João Vicente Bonita; Maria de Fátima Sousa; e Matilde Maria Candeias, da Escola do 1º.Ciclo de Degolados, Ano Lectivo 2004/2005. O referido livro foi concebido com a colaboração do meu pai Adriano de Jesus Cirilo (já falecido), também ele um poeta popular.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

OS HOMENS TAMBÉM CHORAM.

No dia 10 de Janeiro de 2010, nevou na freguesia de Nossa Senhora da Graça dos Degolados. Toda a aldeia ficou coberta de um espesso manto branco e sob um céu cinzento que denotava frio mas, enquanto isso, cerca das 15h30, no interior do Centro de Dia e Lar de Nossa Senhora da Graça dos Degolados, ocorria a tomada de posse dos novos órgãos sociais dessa instituição, sendo presidente da direcção o meu irmão Élio Joaquim Durão Cirilo que, durante o acto solene, proferiu um discurso quente que constratava com o frio do exterior. Nesse seu discurso, Élio Cirilo, homem de personalidade vincada, de forte espírito, guerreiro por natureza, comoveu-se na sua oratória. A voz embargou-se-lhe e quase chorou e daí o título deste meu artigo "os homens também choram", e isso acontece quando os sentimentos têm de ser postos à prova e quando aquilo que dizemos é dito com sinceridade e tenho a certeza que Élio Cirilo estava a ser sincero ao expressar homenagem aos homens com H grande que passaram pelas direcções do Centro de Dia e Lar de Degolados, nomeadamente os seus fundadores nos quais se inclue o meu pai Adriano de Jesus Cirilo. Disse também o Élio Cirilo que, geralmente, nas instituições desta natureza, candidatam-se para a sua administração dois tipos de pessoas: " as que se querem servir das instituições e as que as querem servir" tendo acrescentado pertencer a estas últimas, não tendo eu qualquer dúvida quanto a essa afirmação, pois tenho a certeza que é sua intenção desejar servir a comunidade, sem interesses pessoais, como o fazia o nosso pai.