Hoje, ao verificar papéis antigos que guardo, desde há muitos anos, deparei com um pequeno texto, num papel já amarelado pelo tempo, datado de Abril de 1987. Trata-se de um trabalho de Língua Portuguesa, que executei durante uma aula em Torres Novas, na Escola Prática de Polícia, no qual deveria indicar uma perífrase, uma metáfora e uma antítese (figuras de estilo). O título do texto foi indicado pelo professor e então escrevi assim:
" Era um céu alto, sem resposta, cor de frio, aquele que um dia olhei quando foi necessário decidir se ia ou não para o liceu, por ter terminado a escola primária. Eu queria e não queria ir. Queria porque desejava muito continuar a estudar, visto ser bom aluno e pretender, no futuro, alcançar uma carreira de que muito gostava, ser professor. Por outro lado, não queria continuar a estudar, para não tornar mais pesada a vida de meus pais que, coitados, mal ganhavam para comer e que, com o meu ingresso no liceu, que distava alguns quilómetros da minha aldeia, não lhes chegaria o dinheiro para matar a fome.
E, como o céu não respondeu tive de decidir. Resolvi não ingressar no liceu, porque as portas estavam fechadas , para mim e para outros como eu, devido aos malefícios da injusta sociedade facista que, da insuficiência de subsistência não nos livrava..."
Após a elaboração dos textos todos os alunos tiveram de ler o seu mas ao ler o meu a voz embargou-se-me, porque o escrevi com sentimento e porque o seu conteúdo era verídico. Certamente que os jovens de hoje, na sua maioria, devem ficar indiferentes ao meu artigo, mas as pessoas da minha geração (nasci em 1958), sabem ao que me refiro.
Para sensibilização e memória resolvi expô-lo a público.
Bom texto!
ResponderExcluirEscreve mais e publica aqui.
Texto muito bonito e que transpira emoção. Nasci em 1979 e compreendo as suas palavras, mas felizmente não fui obrigada a viver essa situação.
ResponderExcluirRahel não a devo conhecer mas fico feliz pela apreciação positiva do meu texto.Obrigado.
ResponderExcluirAmigo Alcino, possivelmente, não irás ao Facebook, pois como dizes, não gostas muito, de qualquer modo, aqui fica o meu comentário:
ResponderExcluirEu vivi também essas situações, e, até talvez piores, poque nasci na Nossa Linda Freguesia, no ano de 1941. Mais uma vez te digo, que lindo postal escrito!!! Pena é, que os mais novos, não lhe atribuam e reconheçam a grande MSG, contida nas palavras aqui descritas!!! Um abraço amigo, JP
Muito obrigado amigo João Pedreiro. De facto, esta nova geração que diz estar "à rasca" nem sonha aquilo que penámos. E Deus queira que nunca cheguem à situação que vivemos. Quanto à passagem da mensagem para os mais novos é complicado. Eles gostam é de comentar as fotos do facebook e escrever lol e outras frases que não compreendo e que nem sequer são signos linguísticos, bem como revelar as suas intimidades. Fiquei sensibilizado por ter apreciado o meu artigo. Um abraço.
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